sexta-feira, 17 de junho de 2011

Apenas uma ópera-bufa

Alguns podem achar meu texto hermético, mas aviso que o Pascoal nada tem a ver com isto.

Outros podem achar meu texto inútil, mas não pensam no sal diário que pago aos meus editores.

Olha o biscoito salgado e o doce. Só paga mil. É o dadinho de chocolate, quatro é quinhentos e dez é mil. É o dadinho de chocolate.

Não, esta não é uma fábula, senão seria fabulosa.

É uma ópera-bufa, meus amigos, e como ópera bufa fedeu e por isso ninguém quer ficar por perto.

Assim, na terra de sua majestade a rainha – Angle Land – um Member of Parliament ou MP foi pego usando dinheiro público para reformar seu jardim. Só restou ao MP a renúncia.

Tanto lá, como cá.

Na física poética: A resistência é dada em Ohms.

A culpa é do Nasi! - gritou ela. Perguntaram - O Nasi do Ira! ? - Não, do outro.

Assim do nada, qual é o feminino de bacharel?

As rosas desabrocham com a luz do sol e a beleza das mulheres com creme Rugol, creme Rugol.

Desculpem, me faltam ar, água e sangue nas veias. Canção de infância.

- A culpa é do Nasi, repetiu ela.

O dito popular diz que santo da casa na faz milagre.

Então, vizinha, me empresta o teu santo e uma xícara de açúcar?

Para espanto da patuléia, digo platéia, - ou audiência em inglês - que ouvia com nojo - asco a megalomaníaca, operária, nauseabunda, pé de pato mangalô treis veis a regurgitar, junto com os bolinhos e o café do escritório, ela repetia:

- A culpa é do Nasi!

Leilões são interessantes. Dou lhe uma, dou lhe duas, dou lhe três.... As pessoas nos lugares baratos gritaram:

- Vendida! Para o cavalheiro aqui da direita.

Anúncio de jornal: Armazém de secos e molhados agradece a distinta freguesia.

Ah, a res publica, os pudicos e os republicanos.

Seria o tupperware um tipo de hermetismo?

Dizem que um bom texto se escreve com os testículos. Coisa de macho mesmo. Nada desta coisa de metrosexual.

O problema é que além dos testículos, todos nós, eu incluso, temos ânus.

Vai daí, ai, vai daqui, a turma do DCE está sempre em defesa da melhoria do ensino.

- É inadmissível que os banheiros desta universidade não tenham papel higiênico e que os estudantes-trabalhadores não possam aliviar suas necessidades intestinas nas latrinas, segundo a Convenção de Genebra.

Apoiado! Aonde?

Li com atenção o “Manifesto em defesa do pepino”. Achei visionário.

Barraqueira que é barraqueira gosta de holofote.

Holofote vem do grego (holo+fote) e quer dizer holofote, à luz de Lacan, naturalmente.

Warhol disse que todos nós temos quinze minutos de fama. No caso dela foram quinze minutos de infâmia.

Antes tarde, mas não falha. Disse Caetano (o mala): o júri é simpático, mas é incompetente.

Psicóloga amiga diz que não devemos apresentar o Mickey Mouse para crianças porque mesmo parecendo bonitinhos ratos são nocivos aos humanos

Se isto fosse uma fábula agora apareceria o Flautista de Hamelin e levaria todos os ratos para além dos portões da cidade. Mas não é.

Os ratos continuam soltos a morder os pés descalços das crianças de casas pobres que não dormem de frio, medo e dor.

J’accuse!!!

Parafraseando e.e.cummings, abre aspas o rato é o ânus, no qual tudo se sentou, exceto o humano fecha aspas.

Com quantos paus se faz uma barrica?

Come, pequena, come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. (Fernandopessoamente).

terça-feira, 14 de junho de 2011

O Semeador de Estrelas

Renata, uma alma inquieta, me mandou o seguinte:

Existem momentos em nossa vida que por mais que queiramos não conseguimos enxergar o óbvio.

O Semeador de Estrelas é uma estátua localizada em Kaunas, Lituânia.

Durante o dia passa despercebida.



Mas quando a noite chega, a estátua justifica seu nome...



Que possamos sempre ver além daquilo que está diante de nossos olhos, hoje e sempre.


terça-feira, 7 de junho de 2011

Zeus e o inferno cristão.



Meu caro amigo Cid, esta noite sonhei que era Zeus.




Sim, o próprio Zeus! Eu não era Marte, Poseidon ou Hermes, mas o poderoso Zeus voando pelos campos e colinas dos meus domínios no Olimpo. Se bem que o Olimpo mais parecia um capoeiral do que os campos idílicos das gravuras dos grandes mestres, mas eram os meus domínios e estavam cheio de zéfiros, elfos e outras criaturas que ainda não figuravam na lista de ameaçados de extinção do Greenpeace.



Havia também várias ninfas, e no sonho eu estava entretido em decidir com qual delas eu iria dar mais uma “voadinha”. Aliás, as ninfas são todas iguais. Não podem ver um deus fazendo suas acrobacias aéreas e pensando em como governar o mundo que elas já se oferecem de intrometidas.



Pois bem, estava eu lá atormentado com minha vida de Zeus, sim, porque todo deus é um atormentado, quando resolvi voltar pra casa. Chamei as ninfas e aquela fauna de pequenos seres do bosque e começamos a fazer o caminho de volta. E lá nos confins, quase na periferia do Olimpo, eu senti a presença de algo estranho.



Ouvi uma voz a me chamar por Amaury.



Por que deram um nome bárbaro germânico para um deus grego eu não faço idéia, mas, ao me virar, vejo um eremita em uma caverna de pau-a-pique a pedir por ajuda.



Era você, meu caro Cid, a pedir por ajuda porque seria despejado por uma entidade perversa. Sim, despejado de sua caverna de pau-a-pique. Até agora não sei por que ele queria a sua caverna de paus e barro...



Continuando, esta entidade-homem se aproximou com cara de poucos amigos e me disse qualquer coisa, mas agora não me lembro o que era. Talvez não importe para o meu sonho. O que eu me lembro é que fiquei cheio de cólera, e que, com um único movimento dos braços, transformei a tal da caverna em pó. Não sobrou nada.



Em seguida me dirigi à entidade e disse, com minha poderosa voz de Zeus quando está colérico, que se ele se atrevesse a incomodar meu amigo Cid novamente eu faria dele gato e bota (no Olimpo não há sapato).



A tal entidade, em forma de homem mal encarado, é bom lembrar, se retirou resmungando e com expressão de vingança nos olhos. Fiquei perplexo com a falta de temor dele ao poderoso Zeus.



Já próximo do meu despertar, com os zéfiros, ninfas e outros bichos descendo o morro do Olimpo, algo começou a me incomodar. Cada personagem fizera várias escolhas durante o sonho e eu me perguntava o por quê destas escolhas.



As escolhas eram inerentes a todos eles. Ao escolher, exerceram seu livre arbítrio e passaram à existência. A escolha os tornou humanos, senhores de seus atos e de seu destino. Humanos livres diante da responsabilidade da escolha.



E antes do meu despertar completo me dei conta do que tinha feito. No lusco-fusco do meu sonho eu criara o inferno cristão.



O inferno é a escolha; o demônio, a dúvida.



Tolos cristãos, Zeus está morto.













segunda-feira, 6 de junho de 2011

Marcelo Tas, o CQC e o macaco nu

O zoólogo Desmond Morris apresenta em seu livro O macaco nu (The naked ape) uma explicação para o fato de que somente os seres humanos, entre todos os animais, têm a capacidade de rir.


Segundo ele, quando o bebê nasce é capaz de manifestar suas necessidades básicas apenas por meio do choro. A criança chora quando sente dor ou sente medo.


Diante do novo e do inesperado, muitas vezes a criança chora pedindo pela proteção dos pais. Um movimento brusco, indicando possível queda ou dor, leva ao choro. A criança chora compreendendo intuitivamente a consequência da queda, porque tem medo de cair.


Com o passar do tempo, o bebê reconhece cada vez mais e confia nos pais. E o choro se transforma em riso para manifestar um novo sentido. Quando a mãe brinca de “deixar cair”, ele ri como quem diz: Eu tenho medo, mas confio em você. Rimos quando estamos satisfeitos e confiantes diante de determinada situação. É isso que a criança diz, rindo, à sua mãe.


Os recentes episódios envolvendo @marcelotas e os outros integrantes do CQC – ameaça de protesto contra a blogueira Lola, a piada de Rafinha Bastos sobre o estupro, e a de Danilo Gentille, sobre judeus – nos levam a perguntar o que de errado há com o programa.


Assisti a vários programas do CQC porque esperava ser uma alternativa aos programas de quadros e personagens fixos, como Zorra Total, A Praça é Nossa, Casseta e Planeta, tão desgastados. Contudo, o CQC não funcionava. Passadas algumas semanas ficou clara a falta de conteúdo, o mau gosto das piadas e comentários, a grosseria com os entrevistados.


Terninhos pretos, óculos escuros e uma câmera com edição rápida e nervosa não fazem um programa de humor moderno, mas não era isso. A ideia de fazer um jornalismo diferente, o “jornalismo moleque”, visitando o Congresso Nacional para colocar deputados em situações ridículas, também não funcionava. Qualquer repórter com um microfone na mão faria o mesmo. Isso não é humor.


Qual é então o problema do Programa do CQC?


Voltemos ao riso.


Por que rimos das travessuras do “adorável vagabundo” Carlitos, de Chaplin? Por que rimos de suas estripulias? Por que rimos dos palhaços que jogam tortas na cara uns dos outros? Por que rimos de suas piadas?


Rimos porque eles falam de nós mesmos. Falam de nossos defeitos, nossas falhas de caráter, nossos pecadilhos do dia a dia. Rimos do Gordo e o Magro, dos Três Patetas, de Oscarito e Grande Otelo, do palhaço de circo no bairro mais pobre do Brasil porque eles são nossas caricaturas enquanto seres humanos. Eles falam de nossas grandezas e fraquezas, sentimentos e pesares.


Eles jogam “tortas” de Verdades na nossa cara e nos dizem o quanto somos grotescos e pequenos quando erramos. Não ficamos indignados, mas rimos porque isso isso faz parte da brincadeira. Rimos como quem diz – “Eu tenho medo do meu erro, mas confio em você”. Talvez achemos que, rindo de nossas misérias como seres humanos, poderemos ser melhores amanhã.


O problema do CQC é que ele não nos fala a verdade. Ele não mostra como somos. Marcelo Tas e o CQC estão o tempo todo a dizer como eles acham que deveríamos ser. Querem ditar éticas, valores e opiniões. Apontar erros dos outros, mas ocultar os seus. Falar de liberdade, mas desqualificando os que não acreditam no que eles dizem.


Isto não faz parte da brincadeira.


Quando deixam de falar sobre o que somos e passam a falar sobre outras coisas, traem nossa confiança. Eles ocultam o que querem. Mentem.


A intenção do CQC não é fazer rir, e, sim, fazer certo tipo de política. Isso seria aceitável se eles dissessem a verdade. Mas não dizem, e isso não tem graça nenhuma.