O Jornal da Tarde/SP publicou na coluna "Fora da Cesta" artigo de kléster cavalcanti sobre Chico Buarque de Holanda chamando-o de chato. Coloquei o texto original no final desta página* para que o leitor amigo possa chegar às suas próprias conclusões. Eu cheguei às minhas.
kléster cavalcanti tem o direito de não gostar da obra de Chico Buarque de Holanda, reclamar de sua voz, enxovalhar sua vida pessoal etc. A democracia, que Chico Buarque ajudou a defender, permite a liberdade de expressão. Se Chico Buarque não concordar com o que foi dito poderá processar kléster cavalcanti por calúnia e difamação. Viva a democracia!!
Assim, o mesmo direito temos nós de dizer o que pensamos sobre kléster cavalcanti.
klester cavalcanti certamente não é burguês como Chico Buarque. Eu não imagino uma família burguesa chamando o filho de kléster. Otávio, Fernando, Sergio, são nomes que a burguesia usaria. kléster, nunca!
Imagino que kléster não seja jornalista. Qualquer formando de jornalismo saberia que a honestidade intelectual é a primeira virtude de quem escreve. Dizemos isto porque kléster cavalcanti ataca a obra musical de Chico Buarque, mas quer mesmo é desqualificar o apoio dele, Chico Buarque, em determinados momentos, aos governos Dilma e Lula. Sim, porque, segundo kléster cavalcanti, por exemplo, se eu acredito na qualidade da obra de Chico Buarque eu acredito no governo de Dilma ou de Lula.
Se kléster cavalcanti quer atacar os governos Dilma e Lula, por que não o faz diretamente? Se kléster cavalcanti quer criticar as opiniões ou posições de Chico Buarque, por que não o faz diretamente? Falta estofo, coragem, estatura e hombridade a kléster cavalcanti. Pobres leitores do Jornal da Tarde.
Segundo o Ibope, 56% da população aprovam o governo Dilma, e 87% aprovavam o governo de Lula ao final de seu mandato. Se seguirmos o raciocínio de kléster cavalcanti, imagino que, pela média, uns 70% devem gostar das músicas de Chico Buarque.
Assim, atacar a obra musical de Chico Buarque para atacar o governo de Dilma/Lula não é erro de argumentação, como diz um amigo, é fazer política rés-do-chão.
Talvez kléster cavalcanti seja um homem criativo. Por exemplo, usou o neologismo “burguês petista”. Isso deve dar uma bela tese de doutorado. À luz de Lacan, naturalmente...
Como kléster cavalcanti é um ilustre desconhecido, não sabemos de sua vida acadêmica.
Penso que ao menos o curso ginasial ele tenha feito. No entanto, não me interessa a vida do ginasiano kléster cavalcanti. Não me interesso pelo que fazia, por suas estripulias na sala de aula, se teve espinhas na cara, se fez troca-troca no banheiro.
Assim como não me interesso pela vida pessoal de Chico Buarque ou pelas amantes de FHC.
Certamente kléster cavalcanti não é músico, e por isto está apenas no coro (dos descontentes?).
Na foto de sua coluna, kléster cavalcanti parece ter o corpo de um homem jovem (sobre sua alma não sabemos). Me pergunto se não foi um cara-pintada (com galhardia?) que ajudou a derrubar Collor.
Acho que não tem idade, mas, se tivesse, teria participado da Passeata dos 100 mil, em 1968, pela democracia e contra a ditadura? Ou teria preferido a Marcha da Família com deus pela Liberdade contra aquele “bando de comunistas a soldo de Moscou que quer dominar o Brasil”.
De qual marcha kléster cavalcanti participaria?
No devido tempo, o Brasil ainda compreenderá o que foram os anos de chumbo da ditadura. Trabalhadores, intelectuais, artistas, estudantes, religiosos lutaram para que pudéssemos viver em um Estado de Direito.
Chico Buarque enfrentou, sim, a ditadura, diferentemente de muito jornalista que, quando o dono do jornal batia o pé ou um delegado qualquer aparecia na redação, corria, aí, sim, com o rabo entre as pernas, para escrever textos de encomenda.
Enquanto boa parte da sociedade brasileira se acovardou e outra aplaudiu o golpe de estado de civis e militares, muitos arriscaram suas carreiras e até suas vidas para que pudéssemos dizer o que pensamos neste momento.
O samba de Chico Buarque, Apesar de você, para ficar num exemplo, deu otimismo e esperança a muita gente que viveu naquele período.
Andy Warhol disse que todos nós temos 15 minutos de fama. kléster cavalcanti usou seus 15 cm2 para criticar a obra musical de Chico Buarque, mas com olho em Lula e Dilma. São os 15 cm2 de papel mais desperdiçados da história do Jornal da Tarde.
Gostaria de falar só um pouco sobre a obra de Chico Buarque de Holanda, obra que, aliás, não precisa de defensores. Fala por si. Melhor, canta por si.
Não sou fã incondicional de Chico Buarque. De nada e de ninguém, acrescento.
Mas já foi dito que Chico Buarque é um dos compositores que mais bem retratou a alma feminina em suas canções, no que concordo plenamente.
Assim, de bate pronto, tomando um café no botequim, lembro de uns 15 sambas e canções de Chico Buarque de que gosto e sei as letras, cantadas e batucadas na caixinha de fósforo.
É claro que Chico Buarque não é um compositor “popular”, como Adoniram, Nelson Sargento, Cartola, Nelson Cavaquinho, mas isso não quer dizer que sua obra não seja do gosto do grande público.
Como cantou Vinicius de Moraes, “e se hoje ele (o samba) é branco na poesia, ele é negro demais no coração”.
Quem não se comove ao ouvir Pedro Pedreiro, Olê Olá, Apesar de você, Roda Viva, Samba de Orly, Cálice, Olhos nos Olhos, Geni e o Zepellin, Pedaço de Mim, O meu amor, Meu caro amigo, Todo Sentimento, Futuros Amantes, As Vitrines? E você, caro leitor, com certeza deve estar acrescentando outras tantas a esta lista de músicas maravilhosas.
Aliás, Chico Buarque é homem generoso e dedicou musicas a todos os tipos de pessoas e, sem o saber, até a kléster cavalcanti. Não resta duvida: em Vai passar, kléster cavalcanti é um dos “pigmeus do boulevard”.
Se Chico Buarque de Holanda é um chato com “C” maiúsculo como quer kléster cavalcanti, ele, kléster, com sua baba, seguramente não passa de um minúsculo “kc”.
Amaury Rodrigues
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* (Chico é um chato com “C” maiúsculo, de kléster cavalcanti – Jornal da Tarde, 25/06/2011 - texto ipsis literis do jornal impresso)
“O Chico é chato, com “C” maiúsculo.
O filhinho-de-papai que fez fama como herói da democracia lança novo CD. Com as melodias lerdas de sempre. Você gosta de Chico Buarque? É provável que sua resposta tenha sido “sim”. Agora, me diga três músicas dele que você adora. É provável que você não saiba. E sabe por que? Porque todo mundo diz que gosta do Chico, mesmo sem saber cantar uma música dele do começo ao fim.
Dizer que gosta do Chico é cult. Quem não gosta do Chico é burro, ignorante, não entende nada de música. Pois pode me colocar no segundo grupo. Eu acho o Chico muito Chato, assim mesmo, com “C” maiúsculo. O nome dele deveria ser Chato Buarque de Holanda.
Antes de continuar, vamos deixar uma coisa clara. Eu reconheço a importância do trabalho desse indivíduo para a música brasileira. Reconheço que ele já escreveu algumas canções até boazinhas. Mas o cara é chato demais. Repetitivo, cansativo, sofre de uma carência absurda de criatividade, o que, pra um artista, é – ou deveria ser – fatal.
No caso do Chico, ele leva na boa, porque o brasileiro é muito besta e engole o que ouve sem pensar. É como dizer que gosta do Chico sem saber cantar uma música sequer do cara. E por que eu tou falando tudo isso agora? Porque o Chato Buarque acaba de colocar na internet a primeira música de trabalho de seu novo disco. A canção chama Querido Diário – quanta criatividade – e tem aquela mesma melodia de sempre, cansativa, enfadonha, capaz de transformar qualquer festança num velório.
Piores do que a melodia, só mesmo a voz de taquara rachada do cantor e a letra medonha. Entre outras aberrações, Querido Diário tem como forçar a barra pra rimar “trama” com “flama”, outra rima digna de Luan Santana (“carinho” com “sozinho”) e a estupidez extrema de falar em “amar uma mulher sem orifício”. Poesia de borracharia perde.
Mas quem vai dizer isto ao grande Chico? Ninguém. Até porque o Chato Buarque de Hollanda teve uma vida duríssima, combateu a ditadura militar, sofreu no exílio... quer dizer... isso é o que ele apregoa aos quatro cantos, né?
A história real é outra. Na verdade ele é um burguesinho de marca maior. O pai dele era o Sérgio Buarque, um historiador e jornalista, e a mãe a pintora e pianista Maria Amélia. Quando o Chico tinha 9 anos, o pai dele foi lecionar na Universidade de Roma. E lá foi o Chiquinho viver na dureza da capital italiana. Como todo filhinho-de-papai que se preze, ele nunca demonstrou muito gosto pelos estudos. E sempre quis ser rebelde.
Ainda adolescente e já vivendo em São Paulo, furtou um carro pra fazer arruaças. Foi parar na cadeia. Mas o papaizinho logo tirou o moleque do xilindró. Aos 19 anos, foi estudar arquitetura na USP. Mas não se formou: só teve saco de ficar por lá 2 anos. Riquinho como sempre foi, sabia que não precisava estudar para ter a vida que queria.
Quando os militares tomaram o poder no país, ele começou a fazer músicas criticando o regime. Aí, vem a melhor parte: o tão aclamado exílio. Meu amigo, isto é lorota. O exílio do Chico foi imposto por ele mesmo. Vendo os militares capturando e torturando quem não aceitava o regime, o indivíduo, aos 25 anos, não queria se arriscar no Brasil. Colocou o rabinho entre as pernas e se mandou para a Itália. Fala sério. Pra Itália? Até que eu queria um exílio desse!! Se exilar no Congo ninguém quer, né?
Daí, depois, ele voltou pro Brasil e ficou posando de herói da democracia. Mas quando a podridão do Governo Lula, que o Chico apoiou, veio à tona, o Chato Buarque ficou calado, como todo burguesinho petista. Daí, como agradecimento, o Lula colocou a irmã do Chico, a Ana Buarque, pra ser ministra da Cultura. Sim, o Lula. Ou você acha que a Dilma decide algo sem consultar o chefão? A não ser que você seja do time que acha o Chato Buarque um grande artista. Nesse caso, você é capaz de acreditar em tudo.’’